Ruína e patrimônio arquitetônico no Brasil: memória e esquecimento
Palabras clave:
Ruínas, Patrimônio arquitetônico, Memória, PreservaçãoResumen
Este artigo tem como objetivo apresentar como os remanescentes arquitetônicos em estado de ruína são identificados enquanto bens culturais nas políticas de preservação no Brasil se concentrando no patrimônio tombado, ou reconhecido pelo Instituto do Patrimônio do Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Para tal análise, parte-se da questão: o que é ruína? A ruína é considerada, aqui, como uma condição de descaracterização de bens arquitetônicos de qualquer idade, acometidos por degradações ocasionadas por diferentes causas. A complexidade do seu entendimento deve-se a variáveis - causa, grau e tempo decorrido do arruinamento, data da edificação e condições de uso da mesma - que, combinadas, direcionam interpretações diversas, sugerindo a organização desta análise em três grupos: ruínas do tempo, ruínas da incúria e ruínas do incidente. Através desta estrutura, verifica-se que na identificação e atribuição de valores às ruínas pelas políticas de preservação brasileiras há um principal impasse: o quanto se quer historicizar de uma situação de arruinamento? Na chave da memória e esquecimento que constituem os conflituosos percursos da história, as ruínas têm um papel fundamental devido à sua dúplice capacidade informativa de reminiscência e perda, sendo, portanto, registros dinâmicos que estabelecem uma nova fruição nos processos cognitivos da construção da memória.