Feminismo e o fazer urbano: três eixos de análise
Palabras clave:
Feminismo, Gênero, Cidade, Corpo-territórioResumen
Nesse artigo propomos reflexões acerca da potência do feminismo no fazer urbano como uma prática de arquiteturas contra-hegemônicas. Apoiado no materialismo histórico dialético, partimos da reflexão sobre a produção material das relações sociais concretas que, ao desvelar suas contradições, engendram o processo emancipatório contra-hegemônico. Para tanto, apresentamos três eixos de discussão. No primeiro, discorremos sobre como a lógica de acumulação e violência, intrínseca ao capitalismo, impõe-se sobre corpos-territórios afirmando-se como norma e desvalorizando a vida e os saberes não pautados pelo lucro e dominação patriarcal. No segundo eixo, por meio de uma cartografia do centro de Florianópolis, mostramos como esse sistema se manifesta simbólica e espacialmente. Apenas dez ruas da área central da cidade receberam o nome de mulheres, demonstrando que o padrão patriarcal se fixa no território. O terceiro eixo, revela-se como uma síntese dos demais. Apresentamos as mulheres da agricultura urbana como corpos-territórios individuais e coletivos que constroem uma práxis contra-hegemônica nos espaços urbanos e nos movimentos sociais. Agem politicamente na construção de alternativas que fomentam cuidado, reprodução da vida, reconexão com a natureza, proteção das tradições populares, assim como questões de gênero e de direito à cidade. Essas mulheres carregam consigo a potência de transformação social e também urbana.