Cidade e Narrativa: Discurso e direito à cidade nos espaços opacos
Palavras-chave:
Narrativa, Espaço Luminoso, Opaco, Cidade, MarginalResumo
A cidade fragmentada territorializa desigualdades, legitimada por um discurso hegemônico que serve a ideias e valores dominantes. De seus espaços física e socialmente fracionados escolhe aqueles que ilumina, que aparecem na imagem da cidade do espetáculo, e aqueles que lançará à sombra e invisibilizará. Mitigando subjetividades e rejeitando comportamentos e discursos desviantes, constrói, molda, enquadra a cidade que deseja ser e mostrar. Nos limites onde cessa a visibilidade, a cidade está, porém, em contínua produção. A sombra que acoberta os territórios marginalizados, também os revela por escaparem suas práticas à compreensão do olhar totalizador. Por meio da cultura marginal, a periferia espalha sua sombra sobre as zonas iluminadas da cidade, pintando com sua subjetividade, dando novos sentidos, disputando seus espaços e discursos. Dos territórios periféricos emanam outras narrativas da cidade e despertam sentimentos de colaboração entre parceiros em situações e com opiniões semelhantes objetivando conquistar espaços em prol da participação cidadã. Sob aportes teóricos de Michel de Certeau e Milton Santos, principalmente, deseja-se debater a distribuição desigual do direito à fala e à visibilidade, e evidenciar as “maneiras de fazer” dos espaços opacos, que disputam a cidade e suas narrativas, permitindo que se lancem sobre ela novos olhares, que se contem outras histórias e que, assim, se expanda o direito sobre esta. Cumpre-se aqui apresentar o direito ao discurso como direito à cidade, traduzido em lutas efetivas e desconstrução de estigmas sociais.