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21-05-2022

Revista V!RUS 24
Revista V!RUS 25

V!24.25 | ARQUITETURAS CONTRA-HEGEMÔNICAS

A partir da noção gramsciana de hegemonia cultural, pode-se admitir que a compreensão de uma sociedade sobre arquitetura resulta de uma série de ideias, valores, crenças e comportamentos propostos pelos grupos dominantes, naturalizada e reproduzida pelo corpo social. Manifestações de resistência, questionamento e oposição a esta compreensão, a suas práticas e ideologias, envolvem todos os aspectos do campo disciplinar de Arquitetura e Urbanismo – sociopolíticos, tecnológicos, formais, espaciais, funcionais, ambientais, energéticos, em variadas escalas, múltiplos processos de concepção e representação, arranjos produtivos, metodologias e abordagens teórico-históricas – constituindo o que chamamos aqui de arquiteturas contra-hegemônicas.

As edições 24 e 25 da revista V!RUS querem, portanto, estimular a crítica ao pensamento hegemônico em arquitetura e urbanismo e, igualmente, acolher trabalhos propositivos que rediscutam modos de produção, preservação e renovação da arquitetura e da cidade, envolvendo seus diversos atores, com especial atenção a processos transdisciplinares. Trata-se de uma reflexão multiescalar, sobre o objeto, o edifício, a cidade, a paisagem e o território, do ponto de vista das diversas áreas do conhecimento que discutem a produção da cidade e estudam suas dinâmicas. Serão aceitos para avaliação artigos científicos e ensaios críticos inéditos que explicitem, no resumo e no corpo do texto, justificativas claras sobre a relação entre a pesquisa apresentada e o tema da edição.

Reunimos trabalhos que abordem o tema de forma crítica e fundamentada, a partir de diferentes áreas, em especial arquitetura, urbanismo, artes, cinema, comunicações, design, direito, ciências sociais, ambientais e políticas, antropologia, estudos culturais, história, geografia, entre outros, tratando particularmente – mas não apenas – dos seguintes tópicos:

+ Diálogos internacionais, referências: a produção da arquitetura e a (nova) ordem mundial, as noções de globalização, internacionalização, imperialismo e mundialização;

+ A problematização das noções de hegemonia, contra-hegemonia, conceitos e referências;

+ Valores contra-hegemônicos, diversidade cultural e minorias: identidade de gênero e étnica, multiculturalidade, povos originários, políticas culturais, culturas transnacionais;

+ Arquiteturas do Sul: África, Ásia, América Latina e novos paradigmas de desenvolvimento, BRICS e poderes emergentes;

+ Arquiteturas do habitar: revisão de processos de projeto e produção de modalidades habitacionais, ocupações e luta por moradia, habitação e modos de vida contemporâneos;

+ Design contra-hegemônico: referências de pesquisa, produção, inovação;

+ Referências na pesquisa sobre arquiteturas contra-hegemônicas: revisão de conceitos e categorias analíticas, repensando delimitações de campo, métodos e procedimentos, o papel do pesquisador;

+ Metateorias, pensamento sistêmico, complexidade, cibernética, ecologia da comunicação, transdisciplinaridade;

+ A pesquisa em arquitetura através de construções experimentais: protótipos e pavilhões construídos por pesquisadores, tecnologias e espacialidades inovadoras, técnicas retrospectivas;

+ Possibilidades contra-hegemônicas de sistemas construtivos: arquiteturas de baixa emissão de carbono, alternativas ao uso de cimento, arranjos produtivos alternativos;

+ Para além dos modelos formais convencionais: arquiteturas de geometrias complexas, modelagem paramétrica, fabricação digital, processos digitais de projeto e produção;

+ Referências de arquiteturas, urbanismo e design contra-hegemônicos;

+ Referências de gestão pública, transparência e governança, políticas públicas urbanas;

+ A cidade em disputa: insurgências decoloniais, movimentos sociais, ciberativismo, ciberespaço e cena pública;

+ Sociabilidades e espaço urbano: projeto urbano e a cidade pós-pandemia, gênero, racismo, design universal;

+ Mobilidade urbana, pensamento urbanístico contra-hegemônico e direito à cidade;

+ Processos de projeto, construção, gestão: ações participativas comunitárias, plataformas digitais online como locus de participação, ações cidadãs bottom-up, redes de economia solidária;

+ Valoração da memória e do patrimônio de minorias, patrimônios invisibilizados, processos decisórios inclusivos sobre a preservação de arquiteturas, lugares urbanos e monumentos, projeto arquitetônico e técnicas construtivas retrospectivas;

+ Memória e patrimônio: documentação, difusão, projetos especiais, políticas de preservação, saberes vernáculos;

+ Audiovisual, cinema, documentação, leituras e escrituras urbanas.