Coletivo das infraestruturas em dependência, desencantamento e desvio
Palavras-chave:
Infraestrutura, Arquitetura coletiva, Comum urbano, Mobilidade urbanaResumo
As infraestruturas de trânsito materializam o mundo cotidiano das centenas de milhões de pessoas que habitam as regiões urbanizadas da América Latina. Isto é, tornam visíveis importantes disputas do comum e do fazer-comum (“commoning”), pois articulam micropolíticas cotidianas com macropolíticas econômicas, culturais e sociais. Este artigo problematiza a constante e implícita construção de noções de coletivo, tanto na forma pela qual as infraestruturas são implementadas quanto no seu uso cotidiano. Em particular, a partir dos contextos de Rio de Janeiro e São Paulo, delineia dois tipos de projeto convencionalmente aplicados na América Latina, nomeados “hiper-mobilidade” e “hiper-imobilidade”, e analisa as noções de coletivo que emergem desses projetos – pela dependência econômica, para o primeiro; pelo desencantamento da política cotidiana, para o segundo. Discute, então, sobre as ideias universalizadas de “boa urbanidade” que podem ser entendidas como precedentes mandatórios para as realidades latino-americanas. Propõe, por fim, um terceiro tipo de abordagem, denominado “hackeamento”, que sugere reforçar a potência de desvio coletivo existente dos espaços nodais das infraestruturas como um projeto de “ativismo espacial”.