Memória: enraizar-se é um direito fundamental do ser humano

Autores

  • Ecléa Bosi Universidade de São Paulo (USP)
  • Mozahir Salomão Bruck Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)

Resumo

Pela primeira vez desde a criação da V!RUS, a entrevista que publicamos nesta edição não foi realizada pelo Comitê Editorial da revista. Teria sido uma honra imensa encontrar a professora Ecléa Bosi pessoalmente, ouví-la discorrer sobre sua maneira única de conectar pesquisa e justiça social, sua postura extremamente ética em relação à academia e à sociedade. Uma das pouquíssimas pessoas a receber a distinção acadêmica máxima de nossa universidade, a professora Bosi foi homenageada em um belo discurso de sua amiga e colega professora Marilena Chauí, na cerimônia de outorga do título de Professora Emérita. Nele, Chauí enfatiza que uma das maiores contribuições de Ecléa Bosi para a Psicologia Social foi relacionar "teoria, método e técnicas de pesquisa e militância social, política e cultural, a partir da definição da Psicologia como fenomenologia dos atos expressivos e da relação de amizade entre o pesquisador e o pesquisado como pessoa" (CHAUÍ, 2008). Não é pouco, pois consiste em um desafio quotidiano, que permeia todos os atos de todo pesquisador que acredita que a memória, mais do que uma restauração do passado, pode ser "geradora do futuro de uma sociedade".

De sua vasta obra teórica, derivaram diversas ações muito concretas, como o programa Universidade Aberta à Terceira Idade, que franqueia a presença de pessoas com mais de sessenta anos em qualquer disciplina de graduação da USP. Também foi iniciativa sua a formação de comunidades de leitores em bibliotecas públicas paulistanas, uma ideia decorrente do seu trabalho sobre as leituras de mulheres operárias. Em uma edição, portanto, em que abordamos o multifacetado tema da construção da memória, ninguém melhor do que Ecléa Bosi para ajudar-nos a ampliar nossa compreensão sobre o assunto.

Ocorre que, muito tristemente, a professora Bosi nos deixou este ano, falecendo, em São Paulo, no dia 10 de julho. E mesmo assim, e também por esta razão, decidimos prestar-lhe uma singela homenagem póstuma, republicando aqui uma de suas últimas entrevistas, originalmente publicada na revista acadêmica Dispositiva, do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC-Minas. A entrevista, conduzida pelo Prof. Dr. Mozahir Bruck, contém um conjunto de ideias centrais da pesquisadora, enviadas ao professor Bruck por e-mail, discutidas em uma conversa telefônica, e por ele editadas em formato de pergunta/resposta. Nesta republicação da V!RUS, almejando contribuir para ampliar o interesse e o acesso ao trabalho de Bosi, referenciamos alguns trechos presentes em suas importantes publicações.

Agradecemos à revista Dispositiva e, em especial, ao Prof. Dr. Mozahir Bruck, pela gentil autorização de republicação.1

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Biografia do Autor

Ecléa Bosi, Universidade de São Paulo (USP)

Foi Psicóloga e Doutora em Psicologia. Professora Titular Emérita do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, do Instituto de Psicologia, da Universidade de São Paulo, USP. Desenvolveu suas principais pesquisas na área de memória, cultura e sociedade.

Mozahir Salomão Bruck, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)

É jornalista e Doutor em Literatura. Professor Adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC-Minas. Estuda radiodifusão, aspectos sociais, linguagens e radiojornalismo, e narrativas jornalísticas.

Publicado

10-12-2017