A construção da memória

Autores

  • V!RUS Universidade de São Paulo

Resumo

Memória é entendida, em diversas áreas do conhecimento, como a capacidade de armazenar e restaurar informação, ou o suporte desse armazenamento, ou a própria informação preservada. Não é, portanto, difícil considerar um filme, uma fotografia, um mapa ou uma lápide como sendo, per se, registros de informações imediatamente acessadas quando visualizados. Menos óbvio é identificar esse caráter nas edificações, nos espaços da cidade, em áreas florestais urbanas ou não, e nas manifestações sociais, culturais e políticas.

Instrumento de poder, a memória preservada contempla, muitas vezes, os valores defendidos por grupos dominantes - políticos, religiosos ou econômicos -, auxiliados pelos meios de comunicação disponíveis, elaborando, por vezes, falsas verdades que passam a integrar discursos históricos e livros escolares. Pois a memória é o que permite que um povo construa sua história através de processos marcados por consensos e dissensos sobre o que deverá constituir, no futuro, suas referências e lembranças.

A décima quinta edição da revista V!RUS quer reunir reflexões sobre os processos de construção da memória em nossos dias. O papel dos chamados big data na constituição de registros que viesam opiniões e visões de mundo; o lugar das edificações, objetos e espaços físicos considerados de interesse histórico, artístico, arquitetônico ou paisagístico; os riscos de gentrificação em processos de requalificação urbana envolvendo entornos históricos; as contribuições das artes visuais, cênicas e digitais enquanto registro e crítica da memória; os processos de decisão sobre o que deve ser resgatado e preservado para gerações futuras e de que maneiras; os critérios de escolha do que é registrado e do que é omitido nos cada vez mais numerosos mapeamentos digitais; o lugar dos valores de grupos sociais historicamente objeto de dominação, como, no Brasil, os indígenas, os negros, e também as mulheres e as diversas orientações de gênero; a história de populações migrantes e a preservação de seus valores culturais; o status quo da formulação e execução de políticas públicas culturais e a consolidação de valores que elas induzem; a cartografia social como estimuladora de processos capazes de incentivar a construção coletiva da história de uma comunidade; os planos diretores urbanos e a ação dos diversos atores nas cidades que definem a preservação ou destruição de entornos físicos e sociais; o aporte da informática em ações de armazenamento e restauração de informações, são temas de grande interesse para esta chamada.

Em um futuro próximo ou distante, do que vamos nos lembrar? De que maneiras vêm sendo construídas essas lembranças, e por quem? Quais as novas formas colaborativas de construção coletiva da memória? As respostas a essas perguntas estão, certamente, no entrelaçamento dinâmico das questões pontuadas acima, entendido a partir de perspectivas distintas mas complementares - histórica, tecnológica, política, econômica, artística, ambiental, comportamental, social, dentre outras.

Interessam-nos igualmente relatos e reflexões sobre aspectos técnicos da construção da memória, como a efemeridade dos suportes digitais e os novos repositórios da memória; o sentido de se recuperar técnicas construtivas e saberes populares em diversas áreas; o uso de plataformas BIM visando a preservação e o compartilhamento de informações sobre o projeto, a execução e o ciclo de vida dos ambientes construídos; o papel de cinematecas, bibliotecas, mediatecas e afins; os métodos de pesquisa e ensino utilizados em áreas que trabalham diretamente com a construção da memória, como história, geografia, arqueologia, museologia, ciência da informação, educação, ciências sociais, mas também cinema, arquitetura e urbanismo, música e design.

Além de textos e imagens estáticas, são bem-vindos ensaios fotográficos, vídeos, filmes curtos, animações e gifs, peças sonoras, musicais e depoimentos em arquivos de áudio, projetos de instalações artísticas e de obras arquitetônicas, de urbanismo e design, acompanhados de reflexão crítica sobre sua concepção, apresentações de slides e outras linguagens digitais, considerando o interesse do Nomads.usp em explorar as possibilidades de uso de meios digitais para divulgação científica via Internet.

 

As contribuições serão recebidas EM PORTUGUÊS, INGLÊS OU ESPANHOL através do website da revista até o dia 27 de agosto de 2017, segundo as diretrizes para autores, disponíveis em www.nomads.usp.br/virus/submissao_submission.php.

 

DATAS IMPORTANTES

 

Julho de 2017: Chamada de trabalhos

27 de agosto: Data limite para recebimento de submissões

8 de outubro: Informação aos autores sobre aceite e solicitação de adequações

22 de outubro: Data limite para recebimento das adequações dos autores

29 de outubro: Data limite para recebimento da versão traduzida do artigo

Dezembro de 2017: Lançamento da V!RUS 15

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Publicado

01-07-2017

Edição

Seção

Próxima V!RUS