Referências do Sul

Autores

  • V!RUS Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Resumo

A etimologia da palavra Referência, composta pelas palavras latinas re-, que indica um retorno a algo que nos antecede, e ferre – com o sentido de levar, portar –, significa carregar algo em retorno a alguém ou a algum lugar, um rastreamento de volta. A este significado basilar acrescentaremos dois outros, contemporâneos: o sentido de referência como menção, ou seja, de referir-se a algo mencionando-o nomeadamente, e o sentido de referência como paradigma, que indica algo ou alguém que constitui um parâmetro.

A vigésima terceira edição da revista V!RUS quer reunir trabalhos que explorem, problematizem, revisem e proponham referências próprias ao espaço-tempo geopolítico e cultural do chamado Sul Global, nos diversos âmbitos e áreas do conhecimento relacionados à produção das cidades, às dinâmicas urbanas, à cultura e suas dimensões interregionais e internacionais. Parafraseando Boaventura de Sousa Santos, esta chamada visa, em suma, trabalhos que contribuam para fundamentar a necessidade de aprendermos que estamos no Sul, aprendermos do Sul e com o Sul.

Estimulando uma atitude crítica às compreensões colonialistas e eurocêntricas de mundo, queremos aprofundar o debate sobre modos de investigar as questões do Sul com o auxílio de referências que lhe são próprias, e fundamentar a crítica de referências atualmente usuais, visando sua renovação e ampliação. Serão, portanto, aceitos para avaliação trabalhos que relacionem, de modo explícito, seu conteúdo com questões nomeadamente do Sul Global, discutindo suas referências ou seu potencial de contribuição para a revisão ou construção de referências regionais.

Interessam-nos trabalhos que abordem o tema de forma crítica e fundamentada, de diferentes áreas do conhecimento, em especial arquitetura, urbanismo, artes, cinema, comunicações, design, direito, ciências sociais, ambientais e políticas, antropologia, estudos culturais, história, geografia, entre outros, tratando especialmente – mas não apenas – dos seguintes tópicos:

+ A problematização da noção de Sul Global, o binarismo centro/periferia, conceitos, referências;

+ História(s) do Sul segundo o Sul, reconstruções de narrativas, referências para uma historiografia regional, referências em comum, histórias que se entrelaçam;

+ Referências identitárias, diversidade cultural e minorias do Sul: identidade de gênero e étnica, multiculturalidade, povos originários, políticas culturais, culturas transnacionais;

+ Referências de luta: insurgências decoloniais, movimentos sociais, ciberativismo, ciberespaço e cena pública;

+ Habitar o Sul: projeto e produção de modalidades habitacionais, ocupações e luta por moradia, financeirização urbana, programas nacionais de Habitação de Interesse Social, assentamentos informais urbanos;

+ Diálogos internacionais, referências: fronteiras em comum, os países do Sul e a (nova) ordem mundial, o Sul e as noções de globalização, internacionalização, imperialismo e mundialização;

+ Referências de soberania: ingerências externas, resistências e colaborações, processos históricos de extrativismo de riquezas;

+ Tecnopolíticas: big data, dados pessoais do Sul e os bancos de Inteligência Artificial do Norte, aplicativos de segurança e de controle, o desenho dos backbones da Internet;

+ Bolsões de Sul no Norte, bolsões de Norte no Sul, disputas e fricções, migrações internacionais Sul-Sul e Sul-Norte, desigualdades regionais e globais;

+ Democracias do Sul: África, Ásia, América Latina e o Sul, novos paradigmas de desenvolvimento, BRICS e poderes emergentes;

+ Cooperação Sul-Sul, construção de referências em comum, relações interestatais, multilateralidades;

+ Referências para compreensões do Sul, categorias do Norte cancelando dimensões do Sul, dominação capitalista e a invisibilização do conhecimento e de saberes do Sul;

+ A priorização de temas do Norte na pesquisa acadêmica em instituições do Sul, valorações em rankings do Norte segundo critérios do Norte, financiamentos e cooperação de pesquisa, parcerias Sul-Sul e Norte-Sul, redes de pesquisa;

+ Referências na pesquisa em Humanidades no ou sobre o Sul Global: revisão de conceitos e categorias analíticas, repensando delimitações de campo, métodos e procedimentos, o papel do pesquisador;

+ Referenciais teóricos, metateorias, pensamento sistêmico, complexidade, cibernética, ecologia da comunicação, transdisciplinaridade;

+ Os periódicos científicos e sua contribuição na construção de referências;

+ A consolidação dos sistemas nacionais de pós-graduação e pesquisa e a construção de referências acadêmicas regionais;

+ Produção artística, dimensões Norte e Sul: história, projetos, exame crítico, interpolações;

+ Padrões estéticos e comportamentais do Norte como referências ao Sul e vice-versa, o corpo como referência, redes sociais, imagens e compartilhamento;

+ Audiovisual, cinema, documentação, leituras urbanas: olhares do Sul, sobre o Sul, com o Sul;

+ Pensamento teórico e as cidades do Sul: história e crítica de sua arquitetura, história e crítica de seu urbanismo;

+ Referências de gestão pública, transparência e governança, políticas públicas urbanas e as cidades do Sul;

+ Referências de arquiteturas, urbanismos e design do Sul: boas práticas urbanas, práticas não urbanas;

+ Memória e patrimônio do Sul: documentação, difusão, projetos especiais, preservação, explorações técnico-construtivas, saberes vernáculos;

+ Arquiteturas com formas complexas e referências locais, modelagem paramétrica, projeto e fabricação digital;

+ Design nacional, regional, do Sul: referências de pesquisa, produção, inovação;

+ Projetos universidade-comunidade e a construção do comum: ações participativas comunitárias, tecnologias sociais digitais, ações cidadãs bottom-up.

Além de textos e imagens estáticas, são bem-vindos ensaios fotográficos, vídeos, filmes curtos, animações e gifs, peças sonoras, musicais e depoimentos em arquivos de áudio, projetos de instalações artísticas e de arquitetura, urbanismo e design acompanhados de reflexão crítica e fundamentada teoricamente sobre sua concepção, apresentações de slides e outras linguagens digitais, considerando o interesse do Nomads.usp em explorar usos de meios digitais para divulgação científica via Internet.

As contribuições serão recebidas EM PORTUGUÊS, INGLÊS OU ESPANHOL através do website da revista até o dia 15 de agosto de 2021, segundo as diretrizes para autores, disponíveis em www.nomads.usp.br/virus/submissions.

 

DATAS IMPORTANTES

Junho de 2021: Chamada de trabalhos

15 de agosto: Data limite para recebimento de submissões

A partir de 20 de setembro: Informação aos autores sobre aceite e solicitação de adequações

31 de outubro: Data limite para recebimento das adequações dos autores

14 de novembro: Data limite para recebimento da versão traduzida do artigo

Dezembro de 2021: Lançamento da V!RUS 23

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Publicado

17-07-2021