Editorial | Sistema

Autores

  • Marcelo Tramontano Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Resumo

O número três da revista do Nomads.usp traz mudanças importantes. A primeira é que, a partir desse número, todo o seu conteúdo é bilíngue – português e inglês. Além disso, criamos três novas seções: a de 'artigos submetidos', que apresenta artigos enviados por pesquisadores do Brasil e do Exterior e avaliados por processo de revisão cega por pares, a seção 'tapete', que apresenta artigos curtos de especialistas de várias áreas sobre o tema central da edição, e a seção 'projeto', onde apresentamos propostas de espaços e objetos submetidas à revista, cuja conceituação se relacione com o tema de cada edição.

Entre convidados e autores selecionados para publicação, esse número da V!RUS conta com 23 colaboradores externos ao Nomads.usp, pesquisadores de instituições de 8 países diferentes: Alemanha, Bahrein, Chile, Estados Unidos, Finlândia, Inglaterra, Nova Zelândia e Brasil. Em sua maioria, seguem a tendência de trânsito entre diferentes áreas do conhecimento, como, de resto, seria de se esperar de pesquisadores interessados em visões sistêmicas do mundo. Mesmo assim, parece-nos interessante frisar que, dentre as áreas representadas, há uma grande e saudável variedade, incluindo música, química, direito, arte, geografia, filosofia, física, design, cinema, arquitetura computacional, economia, educação, engenharia elétrica, ciências da computação e arquitetura e urbanismo. Finalmente, a produção desse número da revista envolveu um grande número de pesquisadores do Nomads.usp, além dos quatro autores dos 'artigos nomads': 22 pesquisadores participaram, de várias formas, na elaboração desse número, validando o objetivo principal da revista que é o de ser um meio de interlocução entre o núcleo e a comunidade acadêmica em torno de grandes temas abordados por pesquisas em curso no núcleo.

É, portanto, com enorme prazer que convidamos à leitura desse amplo instantâneo do pensamento e da experiência desses estudiosos, interessados em debater conceitos e derivações do pensamento sistêmico na atualidade, auxiliando-nos a complexizar o assunto e a aprofundar níveis de questionamento.

Na seção Entrevista, o artista chileno Enrique Rivera nos fala das redes sociais online em um Chile pós-terremoto e da necessidade de estarmos atentos às riquezas e armadilhas nelas contidas. Dois artigos relacionam a noção de sistema a ações propositivas. Um, do designer e ciberneticista inglês Ranulph Glanville, professor na Barlett School of Architecture, UCL, Londres, e membro do Comitê Editorial da V!RUS, que propõe uma reflexão sobre o design de um ponto de vista cibernético e, vice-versa, sobre a cibernética como um braço teórico do design. O outro, da arquiteta e pesquisadora da UFMG Ana Paula Baltazar, que relê experimentos realizados em comunidades em Belo Horizonte utilizando meios digitais, referenciando-se no conceito de resiliência conforme proposto por John Thackara.

A seção Tapete traz seis textos curtos como olhares pessoais sobre o tema. O economista finlandês Mikko Koria relaciona o design e o processo de projetar ao sistema econômico. O músico alemão Christopher Dell explora relações entre música e arquitetura para auxiliar o entendimento da cidade. O engenheiro químico Hamilton Varela, do IQSC-USP, expõe a noção de sistema na química. O geógrafo alemão Martin Pries sugere a própria Terra como sistema na geografia. A filósofa Maria Cecilia Loschiavo, da FAU-USP, lembra o atual estágio de riqueza e fragilidade da pesquisa em design no Brasil. E os músicos alemães Rolf Grossmann e Andreas Otto, exploram possibilidades de uso de interfaces tangíveis sonoras na música eletrônica.

Os artigos submetidos e selecionados para publicação apresentam diversas derivações sobre o tema da edição. O egípcio Wael Abdelhameed e seu colega japonês Yoshihiro Kobayashi expõem sua plataforma Design wiki para projetos colaborativos à distância. Os arquitetos Robson Canuto e Luis Amorim fazem um estudo do conceito de urbanismo paramétrico e lançam um olhar crítico sobre algumas produções exemplares. O arquiteto Celso Scaletsky e o engenheiro elétrico Gustavo Borba descrevem o método Blue Sky de pesquisa para concepção em design. O advogado Marcos Malhadas utiliza a teoria geral de sistemas como lupa para examinar o caso dos conflitos em organizações empresariais. O arquiteto inglês Dermott McMeel avalia desdobramentos possíveis do uso da idéia de mash-up em arquitetura e construção. Julia AguiarDouglas Aguiar e André de Oliveira exibem dois filmes instigantes sobre casos escolhidos na dinâmica urbana de Porto Alegre, de um ponto de vista sistêmico.

Inaugurando a seção Projeto, o arquiteto e designer de jóias Marlon Mercaldi apresenta o projeto da jóia Morphosis 1, referenciada no conceito de imprevisibilidade. Na seção Resenha, o físico Nelson Fiedler Ferrara analisa e indica algumas obras de referência para o entendimento do pensamento complexo. E na seção Artigos Nomads, dois textos apresentam pesquisas em que os conceitos de cibernética e de sistemas complexos vêm sendo utilizados: um, da bacharel em Imagem e Som Graziele Lautenschlaeger e da arquiteta Anja Pratschke, propõe um entendimento da produção de Arte Eletrônica como sistema estético e social, com base nos conceitos do sociólogo alemão Niklas Luhmann. O outro, dos arquitetos Fábio Queiroz e Marcelo Tramontano, investiga a possibilidade de se considerar o processo de design de edifícios de apartamentos como um sistema complexo.

Por fim, a seção Eventos abrigará, ao longo do semestre, registros de atividades realizadas pela revista relacionadas ao conteúdo dessa edição e seus autores.

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Biografia do Autor

Marcelo Tramontano, Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

É arquiteto, Doutor e Livre-docente em Arquitetura, Professor Associado na Universidade de São Paulo e coordena o Nomads.usp.

Publicado

01-07-2010

Edição

Seção

Editorial