Um Outro Urbano: Considerações através de Solà-morales e Careri

Resumo

Este artigo traz outras formas de habitar a cidade a partir das reflexões de Ignasi Solà-Morales sobre o fenômeno urbano contemporâneo, objetivando colocar as transurbâncias nômades de Francesco Careri enquanto traduções que as incorporam e territorializam enquanto práxis contra-hegemônicas espaciais. Para tal, ancorando-nos em uma revisão da literatura de Careri e de Solà-Morales, das críticas realizadas por estes ao urbanismo contextualista e o desenho urbano, buscamos apresentar a potência vocabular reflexiva que ambos provocam/estabelecem. Mais do que delimitar estruturas, suas colocações abrem os horizontes do campo urbanístico de maneira rizomática, que não se encerra em si mesmo: antes, inscreve o exercício urbano para além de uma produção (neo)liberal do espaço citadino. Através dos conceitos de mutação e de terrain vague, o pesquisador catalão possibilita tensionar o pensamento sobre o urbanismo e a arquitetura interpretadas aqui através das transurbâncias errantes de Careri. O arquiteto italiano que passou a experimentar o espaço liso deleuziano, percorrendo as regiões periurbanas de Paris e Roma como uma prática de deslocamento do substancial referencial urbanístico da malha urbana das cidades. Tanto Ignasi quanto Careri encontram nos ambientes de indeterminação - intelectual e materializado - que o desenraizamento do urbanismo os proporciona, maneiras outras de pensar e praticar os espaços.