Decolonialidade na obra fotográfica de Walter Firmo

Resumo

Este texto visa reconhecer a produção fotográfica de Walter Firmo associada ao pensamento decolonial, observando indícios de um descolonizar a câmera, como propõe Mark Searly. Segundo o autor, a decolonialidade na fotografia abarca valores de visibilidade e de reconhecimento público de grupos e sujeitos que, na lógica moderna e colonial, são tratados e representados sob signos da violência e da desumanização. Tendo atuado em veículos de comunicação nacionais e internacionais, Firmo marcou o fotojornalismo ao retratar o pluralismo da cultura brasileira e de sujeitos da comunidade negra (anônimos e personalidades) de forma altiva. Consagrado no âmbito do retrato fotográfico, desenvolveu métodos de captação do real que não se limitam ao registro, mas imprimem plasticidade e organicidade a realidades e pessoas geralmente silenciadas. As relações de proximidade que se estabelecem entre imagens produzidas pelo fotógrafo e valores decoloniais sustentam-se nos pressupostos da epistemologia decolonial e em diálogo com a comunicação, retomados por meio de pesquisa bibliográfica, e no método da igualdade, proposto por Rancière. Distanciando-se de olhares e valores estereotipados e cristalizados enquanto formas de dominação, a produção fotográfica de Firmo constitui-se decolonial ao valorizar sujeitos e a negritude em processos que reinventam representações.