DIY//Do It Yourself!

Resumo

Chamada de Trabalhos V!RUS 10

A décima edição da revista V!RUS pretende discutir processos em que a participação direta de pessoas e grupos produz resultados notáveis, em diversos âmbitos da vida em sociedade. Prioriza-se a ideia de que tal participação pressupõe a auto-organização com pouca ou nenhuma intermediação do Estado ou de grandes corporações privadas, seja na produção de objetos materiais em várias escalas, na produção artística e cultural em suas muitas linguagens, em intervenções urbanas, em reivindicações políticas, na produção e divulgação da informação em geral, no registro e divulgação livre de eventos diversos, entre outros.

Um amplo espectro de questões abre-se a partir dessa ideia central, permitindo relacioná-la com vários campos do conhecimento. Identificamos processos de concepção e produção colaborativa de objetos materiais, desde aqueles situados na escala do corpo até a escala da cidade, incluindo as escalas dos mobiliários e das edificações. Mas consideramos, além disso, processos de comunicação horizontais pouco hierarquizados, tendo como um bom exemplo o uso de redes sociais online como locus de difusão, discussão e debate de ideias e proposições de diversas naturezas, sua característica essencialmente viral e seus eventuais desdobramentos em ações presenciais.

Queremos também ampliar a compreensão de ações participativas e colaborativas para questões relacionadas ao conceito de sustentabilidade, ultrapassando - mas não ignorando - o sentido a ele atribuído pelos estudos ambientais. Propomos entendê-lo como um conceito sistêmico que diz respeito, por um lado, à sustentação e à legitimação de ideias, ações e projetos, nos âmbitos cultural, artístico, arquitetônico, urbanístico, social, ambiental, econômico e simbólico de uma sociedade, entre outros, tanto por seus formuladores, gestores e implementadores quanto por aqueles que constituem seu alvo, e, por outro lado, à capacidade de indução de novas ideias, práticas e concepções que essas realizações possam desenvolver ao longo do tempo.

Nesse sentido abrangente, entendemos que a expressão "DIY//Do It Yourself" dialoga com as noções de permanência e efemeridade, podendo, ainda, referir-se a práticas solidárias, colaborativas, virais, de compartilhamento, produção e consumo, exemplificadas aqui por processos de crowdfunding, carsharing, couchsurfing, economia solidária, construções em mutirão, ocupações autogestionadas, entre tantos outros, e suas reverberações na mudança das mentalidades, nas dinâmicas da vida urbana e na reconfiguração do espaço físico das cidades. Similarmente, esperamos também focalizar processos ricos e promissores intrínsecos à cultura digital, como o hackeamento, o remix, o reuso, as práticas recombinatórias, o mashup, a colagem e a fusão de informações e idéias, em suas várias dimensões.

Entendemos, assim, que o tema "DIY//Do It Yourself" pode abarcar temporalidades e significações diversas, estimulando reflexões transdisciplinares a partir de olhares advindos de várias áreas do conhecimento. Serão bem-vindas tanto reflexões teóricas, conceituais e de caráter histórico sobre processos relacionados ao tema, quanto registros e críticas de realizações, experiências e práticas, de intervenções nos campos da arquitetura, do design, da construção, do urbanismo, da arte, da cultura, da criação sonora e musical, da comunicação e da informática, de obras artísticas, cênicas e audiovisuais, entre outros, nas dimensões dos espaços concretos, virtuais ou híbridos.

Acolheremos com especial interesse trabalhos envolvendo software e hardware livres, seus processos de licenciamento, fabricação digital, interfaces computacionais e suas aplicações, priorizando aqueles com claro papel social. Da mesma forma, esperamos complexizar essa reflexão com contribuições advindas das ciências sociais, da antropologia, da educação, da filosofia, da comunicação, da psicologia, da geografia, da ecologia, do turismo, da computação, do direito e das engenharias, e também com estudos e reflexões sobre experiências em políticas públicas, técnicas construtivas e sustentabilidade sócio-ambiental.

Além de textos e imagens fixas, são bem-vindos peças musicais e depoimentos em arquivos de áudio, projetos de arquitetura, urbanismo e design e a reflexão crítica sobre sua concepção, ensaios fotográficos, animações, vídeos e filmes curtos, apresentações de slides, entrevistas, considerando o interesse do Nomads.usp em explorar as possibilidades de uso de meios digitais para divulgação científica.

As contribuições serão recebidas através do site da revista até o dia 3 de Agosto de 2014, segundo as diretrizes para autores, disponíveis em www.nomads.usp.br/virus/submissao_submission.php.

DATAS IMPORTANTES:

_Junho de 2014: primeira chamada de contribuições

_3 de Agosto de 2014: data limite para recebimento de contribuições

_21 de setembro de 2014: envio aos autores de aviso de aceite e solicitações de adequação

_12 de Outubro de 2014: data limite para recebimento das correções dos autores: trabalho final na versão original (português, inglês ou espanhol)

_26 de Outubro de 2014: data limite para recebimento da versão traduzida (português ou inglês)

_Novembro de 2014: lançamento da V!RUS 10