Madres de Plaza de Mayo: estratégias narrativas e espaciais
Palavras-chave:
Madres de Plaza de Mayo, Buenos Aires, Narrativa, Movimentos sociais, América LatinaResumo
Em 2021, o Madres de Plaza de Mayo, um dos mais resilientes e relevantes movimentos sociais da América Latina, completa 44 anos de existência. Sua luta por direitos humanos atravessa a história da cidade de Buenos Aires e cria um paradigma para a relação entre os movimentos sociais e a produção das cidades latino-americanas. O objetivo deste artigo é fazer uma investigação espacializada da trajetória do movimento e entender a relação existente entre as territorialidades produzidas pela atuação das Madres e a construção das narrativas que permeiam o grupo e suas integrantes. A partir dos conceitos de espaços de aparição, de Hannah Arendt, e de território, de Haesbaert, pretende-se mapear a jornada das Madres da casa à praça e, posteriormente, a outros territórios. A pesquisa utiliza como método a análise de poemas e prosas do livro El Corazón en la Escritura e o mapeamento dos espaços-chave da luta, localizando as trajetórias e espacializando as narrativas do grupo. O artigo conclui que os binários público-privado e materno-político, comuns nas análises de movimentos sociais encabeçados por mulheres, não dão conta da complexidade territorial e narrativa das Madres e não fazem jus à contribuição do movimento para uma outra produção do espaço e para o enfrentamento das mazelas comuns às nações latino-americanas.