Financeirização à brasileira: CEPACs e o desejo de ser prime
Palavras-chave:
Operação urbana consorciada, Financeirização, CEPAC, Sul GlobalResumo
A financeirização das políticas urbanas tem recebido atenção crescente da comunidade científica, notadamente a partir das transformações substanciais ocorridas nas últimas décadas. No cenário latino-americano, uma série de tensões são produzidas pela introjeção de práticas e instrumentos em contextos nos quais a financeirização per se ainda está sendo socialmente constituída. A literatura euro-americana tende a posicionar esta questão a partir da ideia de financeirização periférica, estabelecendo aprioristicamente delimitações epistemológicas. Neste sentido, investigar questões do Sul-Global por meio de referências que lhe sejam próprias faz-se fundamental, demarcando uma perspectiva epistemológica alternativa. Estas reflexões constituem o ponto de partida deste trabalho, que tem por objetivo investigar a experiência de utilização dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (CEPACs) no Brasil. De caráter exploratório, o trabalho estrutura-se a partir de pesquisa documental, tendo como fonte primária os relatórios operacionais e financeiros das Operações Urbanas com CEPAC. Tensionados à luz de seus princípios constitutivos fundamentais, os casos estudados sugerem idiossincrasias de uma financeirização à brasileira, conformada a partir de uma savoir-faire nacional que demanda uma discussão situada, para a qual as chaves analíticas que permitirão sua decodificação ainda estão no campo de disputa e construção.