A espacialização da bunda e a ressexualização da cidade
Palavras-chave:
Bunda, Rio de Janeiro, Espaço, Heteronormatividade, Cultura visualResumo
Este trabalho busca entender como a bunda se caracterizou como um signo codificado em espaço, o que permitiu que uma imensa rede de produtos criassem sentido a partir do corpo feminino e do Rio de Janeiro. A expansão da cultura de massa, a partir dos anos 1970, remodelou a imagem do Rio de Janeiro negociando a bunda feminina como um significante possível de uma cultura latinoamericana que associava as fantasias coloniais, o avanço do neoliberalismo e a pornografia. Para isso, os dispositivos culturais espacializam a bunda e a vinculam à cidade, capturando o corpo da “brasileira” (encarnado na carioca das classes médias brancas), a fim de inscrever padrões sexuados na promoção de imaginários locais e globais. A pesquisa se ampara metologicamente no conceito de sexopolítica de Paul Preciado, buscando entender formas dominantes da ação biopolítica no capitalismo contemporâneo, no qual o sexo e as tecnologias de normatização das identidades sexuais atuam como agentes do poder. Este artigo pretende, portanto, retraçar caminhos sobre os quais a sexopolítica brasileira estabeleceu uma cultura de normatização das identidades de gênero atreladas às representações da cidade, imprimindo, através da bunda, valores relacionados à brasilidade enquanto padrão estético e como heteronorma.