A crise das cidades e da gestão municipal: o que obstrui as mudanças necessárias?
Palavras-chave:
Gestão da cidade, Interdisciplinaridade, UrbanoResumo
A crise atual abarca todos os âmbitos das sociedades ocidentais e pode ser diagnosticada a partir de várias perspectivas (MORIN, 2011; TOURAINE, 2000; GIDDENS, 2000). Isso afeta também a gestão, o planejamento participativo e o modelo de sustentabilidade (Brown, 2009; Diamond, 2005). No caso do Brasil, o modelo urbano e a gestão de municípios não estão isentos de crítica, incluindo-se a de uma gestão urbana pública “arcaica e ineficiente” (Observatório Metropolis, ano III, n. 472, 2013/06/02), com relação tanto aos modelos quanto sua gestão e administração. Áreas de conhecimento como a sociologia, ciência política, antropologia ou psicologia têm abordado o fenômeno urbano para diagnosticar a crise atual manifesta em comportamentos, padrões, conflitos, práticas e interações que ocorrem no contexto urbano. É possível mudar esse cenário de crise urbana por meio da implantação de políticas públicas dirigidas e da introdução de modelos de gestão mais profissional e transparente? Nós achamos que sim, apesar de não entrarem em um problema mais profundo, do qual iremos tratar. Se levarmos a lei da reciprocidade em conta, as políticas públicas são uma parte fundamental da crise do urbano; falta, no entanto, a análise da outra parte. Este artigo irá abordar a crise urbana a partir de uma perspectiva que vai além da análise tradicional das ciências humanas e sociais no nível macro para descer a uma perspectiva de análise micro e subjetiva do significado da crise na consciência humana como a origem da crise planetária, a parti da colocação de uma série de questões que requerem futuros aprofundamentos. Ter essa perspectiva como ponto de partida é entender a crise em âmbito um muito maior, afetando nosso modo de vida, de consumo e de se relacionar e, por sua vez, entendê-la como uma oportunidade de mudança.