Movimentos [des]territorializantes e outra democracia: intrusões extrusivas

Resumo

Em um percurso sinuoso, o conceito de Território é trabalhado [quase] como outro termo em relação ao senso-comum. No horizonte, a tessitura de uma reflexão sobre os processos de desidentificação territorializante do sujeito como abertura a um devir revolucionário urbano. A noção de terra deriva do termo francês terroir, que, por sua vez, deriva de tieroir [territoire], do latim terratorium, alteração de territorium, territoire, em conformidade com terre, de onde, terra, território. Próximos estão do termo territõ, territatum, que significa terrífico. Território, terra, terror imbricam-se por uma etimologia que opera por sombreamentos. Partindo dessa insólita aproximação, pretende-se pensar a potência dos perturbadores fluxos desterritorializantes minoritários, marginais que incidem sobre um território, transgredindo seus códigos, regras e regimes de propriedade, do que lhes é supostamente próprio por “direito natural”. E como esses fluxos contra-hegemônicos, rebeldes, podem se tornar meio pelo qual a luta pela terra significará abertura e resistência às construções sociais e culturais dominantes e, ao mesmo tempo, condição fundante de uma outra democracia urbana fundada na ação de tomar posse coletivamente de um território, como fazem as Ocupações.