Projeto, Terra e Liberdade: casa comunitária Ilé Wa Quilombo Mesquita
Palavras-chave:
Quilombo Mesquita, Casa Comunitária, projeto, comunidade quilombolaResumo
Este trabalho discute, a partir de um exercício empírico de projetação, as possibilidades de ruptura com lógicas hegemônicas de produção do espaço e da materialidade em arquitetura. A proposta é o projeto para uma Casa Comunitária no Quilombo Mesquita, localizado em Goiás, a cerca de 50 km do Plano Piloto de Brasília. As comunidades quilombolas têm sido, desde seu surgimento, uma alternativa às estruturas sociais de opressão. Elas representam resistência cultural e organização social do povo negro e seus descendentes. Territórios e tradições quilombolas simbolizam, em síntese, a liberdade. De que modo uma arquitetura pensada para o Quilombo pode contribuir para romper com estruturas espaciais hegemônicas e expressar liberdade? O presente trabalho busca responder a essa questão a partir de uma discussão que se relaciona com valores contra-hegemônicos, design contra-hegemônico e saberes vernáculos, temas propostos nesta edição da Revista V!RUS. O objetivo foi criar um espaço a partir de uma lógica não hegemônica de projetação. Para isto, o território, a história do Quilombo e a participação da comunidade foram essenciais no processo de definição de diretrizes e desenvolvimento. A metodologia se estrutura na contextualização teórica e histórica sobre os quilombos, com enfoque no Quilombo Mesquita, e no processo de desenvolvimento de projeto, cujo resultado é a Casa Comunitária Ilé Wa. Neste projeto, o sentido de liberdade é expresso a partir da relação com o território, da configuração espacial e dos elementos construtivos. Ao valorizar a memória, os saberes vernáculos e a luta pela liberdade que está na essência dos quilombos, o projeto mostra possibilidades da arquitetura romper com estruturas espaciais que remetem à opressão.