Redes de mídia cívica na Amazônia e a contra-hegemonia digital
Palavras-chave:
Amazônia, Redes de mídia cívica, Práticas midiáticasResumo
Este artigo parte da contribuição das práticas midiáticas para a construção de uma visão estereotipada de bairros populares nas cidades brasileiras e busca apresentar, como contraponto, o potencial de reação de movimentos de base digital constituídos por jovens que desejam romper o enquadramento midiático imposto às suas comunidades. Adota-se como estudo de caso o projeto desenvolvido no bairro da Terra Firme em Belém (PA), no âmbito da universidade pública em parceria com a comunidade — representada por jovens universitários que ingressaram na instituição a partir da política de cotas. O projeto identificou, caracterizou e apoiou redes de mídia cívicas emergentes em tais comunidades, sobretudo na década de 2010, por meio de metodologias participativas para cocriação de conhecimento. Foram produzidas cartografias colaborativas, uma web série sobre a história do bairro narrada pelos moradores, mapas atualizados on-line e capacitações técnicas que propiciaram ações e geraram novas pautas nas mídias sociais. Essas produções forçaram um novo enquadramento midiático do bairro pelo Mainstream, quebrando o monopólio da narrativa pelos veículos convencionais e promovendo a inovação social nas políticas públicas. As ações apresentadas são uma mostra de reações contra a hegemonia de modelos de desenvolvimento social e urbano que resultam na marginalização e, ainda, na ocultação de setores inteiros da sociedade.