A relação humano-animal na cidade: por um urbanismo mais-que-humano
Palavras-chave:
Decolonialidade, Urbanismo, relação humano-animal, Planejamento insurgenteResumo
Partindo de uma análise acerca do tratamento dispensado aos animais no contexto das transformações urbanas da cidade de São Paulo, com especial atenção às práticas vinculadas ao controle das zoonoses, o ensaio aqui apresentado traz uma reflexão acerca do processo de exclusão sofrido pelos animais, buscando detectar práticas embasadas em discursos hegemônicos. Os animais tiveram um papel significativo no desenvolvimento da cidade, no entanto, além de não terem sido reconhecidos como agentes que participam ativamente da construção das cidades, também sofreram perseguição. Fazendo parte do urbano, os animais não escaparam do campo de disputas territoriais e tiveram sua presença negada por posturas que restringiam sua circulação pelas ruas, sendo que algumas delas inclusive os condenaram ao extermínio. A partir de um levantamento histórico e teórico relacionado à interação humano-animal no meio urbano, pretende-se identificar práticas hegemônicas associadas à presença animal, que foram difundidas no imaginário social, influenciando o modo de planejar e de habitar as cidades. Ao examinar posturas relacionadas ao combate às zoonoses no espaço urbano paulistano, o artigo busca abrir um campo de reflexão acerca da relação humano-animal nas cidades brasileiras, com o intuito de fomentar uma prática crítica contra interesses hegemônicos, à luz dos conceitos dos estudos pós-coloniais e vislumbrando possibilidades de descolonizar o futuro, nos moldes propostos por Faranak Miraftab (2016).