Da ruinologia à ruinophilia: perspectivas sobre a arquitetura em ruína
Palavras-chave:
Arquitetura, Ruína, CidadeResumo
A cultura das arquiteturas em ruínas vem passando por uma ruptura de significados nas últimas décadas. Se, inicialmente, seu caráter nostálgico, atrelado às representações visuais idílicas, teve papel fundamental na sua difusão, principalmente do movimento do Romantismo na Europa, no decorrer dos séculos XX e XXI, as mudanças drásticas na conformação arquitetural das cidades trouxeram uma nova escala de arruinamento, além do modo de representar e decifrar o sentido das ruínas. Composto por três seções: ruinologia, ruinophilia e ação contra-hegemônica nas ruínas, este artigo busca ampliar a compreensão do campo de estudos da cultura das ruínas na seara da arquitetura. Pretende-se levantar discussões que ponderem não somente o caráter historiográfico, mas também que possam avançar para uma esfera amplificada, de método fenomenológico, propondo perspectivas dissemelhantes das narrativas em ruínas historicamente hegemônicas, no intuito de destronar a concepção bucólica preponderante nas abordagens teórico-históricas e recolocar a discussão no campo da arquitetura e urbanismo. Essa intenção tem como alicerce as especificidades de cidades contemporâneas, seus novos engendramentos, como a ação contra-hegemônica do movimento de exploração urbana Urbex em espaços arruinados. Por fim, o trabalho traz à baila uma compreensão das ruínas num arco temporal estendido, que, por sua vez, desloca o pensamento, o imaginário e o sentido dos paradigmas conceituais e assim possibilita que a cultura das ruínas contemporâneas amalgame as suas características intrínsecas e multifacetadas.