Globalização não-hegemônica e mudanças no centro histórico de Belém
Palavras-chave:
Globalização não hegemônica, Patrimônio cultural, Comércio popular, Comerciantes asiáticos, Centro histórico de BelémResumo
Desde o século passado, a globalização não hegemônica tem sido vista como oportunidade de negócio por países asiáticos que passaram a produzir e exportar produtos de baixo custo, mediante a constituição de redes estruturadas em forma de pirâmide e compostas por fornecedores, produtores, distribuidores e vendedores. No extremo dessas redes, estão as relações de compra e venda estabelecidas, normalmente, entre asiáticos e consumidores locais, que vêm alterando espaços terciários urbanos tradicionais, visto que, a contra-hegemonia surge como reação à globalização (hegemônica e não hegemônica), por meio de ações e/ou lutas pela distribuição democrática de riqueza. O presente artigo analisará como tal processo se apropria dos espaços e como a dialética global-local resulta em mudanças no uso e ocupação dos solos de centros históricos. Para isso, com base em pesquisa bibliográfica, será discutido o papel dos transmigrantes asiáticos nos processos socioespaciais recentes, observados em centros históricos. Em seguida, a partir do levantamento de campo, será mensurada, caracterizada e analisada a distribuição espacial dos imóveis ocupados para a comercialização de mercadorias populares, de procedência asiática, no Centro Histórico de Belém (CHB). Dessa forma, o trabalho mostrará: (i) a expressiva quantidade e concentração espacial de imóveis do CHB que transacionam mercadorias do circuito da globalização não hegemônica de procedência asiática; (ii) que além de estabelecimentos gerenciados por transmigrantes, existe um grande número de lojas comercializando, predominantemente, produtos de origem asiática; (iii) que o comércio popular de mercadorias procedentes de países asiáticos está redefinindo a divisão social do espaço no CHB.