1984: colonialismo e distopia
Palavras-chave:
Distopia, 1984, George Orwell, Estudos DecoloniaisResumo
O objetivo deste trabalho é analisar a narrativa distópica do romance 1984 de George Orwell enquanto manancial simbólico de compreensão da violência colonialista. O autor nasceu em uma colônia inglesa, foi agente repressor do Império Britânico em uma colônia e testemunhou o mecanismo de funcionamento desse tipo de repressão. Uma das práticas é o controle da autopercepção por ação de uma mídia de massa. bell hooks (2019) argumenta que a mídia contribui para a alienação através da violência e mantém arraigada a noção distorcida que o senso comum tem das comunidades negras. O colonialismo deturpou a noção do “outro” para dominá-lo e mantê-lo subjugado, uma prática tão contundente a ponto de arruinar a capacidade de pensar e de nomear sentimentos. Através do mecanismo da Novafala, observamos a analogia da opressão colonial, em que conceitos, memórias familiares e formas de comunicação foram perdidos e é destarte que a metodologia qualitativa possibilitou-nos conjugar a noção ficcional de distopia com os estudos decoloniais e seus meandros sociopolíticos e históricos inscritos nas nuanças do texto. O resultado da aplicação do método permitiu-nos desenvolver uma leitura que abrangesse as vivências das personagens do livro com o ocorrido aos povos originários das Américas, com os povos africanos escravizados ou com a contemporânea ocupação da Palestina.