Experiência no Altiplano: Flávio de Carvalho e a civilização nua da América do Sul
Palavras-chave:
Flávio de Carvalho, Urbanismos, Américas, Congressos profissionaisResumo
Este artigo revisita algumas experiências investigativas de Flávio de Carvalho sobre o homem e a cidade na América para recuperar sua perspectiva crítica acerca dos cânones do urbanismo moderno. Ao articular pressupostos antropófagos ao campo do urbanismo, Flávio de Carvalho questionava o caráter universalista da técnica em prol de subverter as noções de progresso e civilização colocadas a serviço de projetos coloniais e colonialistas. A análise de um percurso de reflexões, no qual destacam-se os textos “A cidade do homem nu” (1930), “A casa do homem americano” (1947) e “Meditações na Cordilheira” (1947), permite sublinhar a operação de deslocar narrativas e histórias consideradas marginais para o centro do debate moderno sobre as cidades. A leitura sobre essas propostas urbanísticas e projetos políticos é amparada por estudos recentes que articulam o debate decolonial ao campo disciplinar do urbanismo em uma perspectiva latino-americana. Argumenta-se sobre como o projeto antropofágico para uma cidade-laboratório baseada na liberdade urbana incondicional elaborado por Flávio de Carvalho tem como base estudos sobre a história, organização social e urbana de sociedades pré-colombianas do Altiplano andino. Com isso, pretende-se evidenciar outras elaborações e heranças dos urbanismos modernos e seus potenciais de descentralizar narrativas da história urbana.