A construção da informação
Resumen
Na sua décima nona edição, a revista V!RUS tem o prazer de apresentar uma ampla reflexão sobre a questão da construção da informação na contemporaneidade. Pesquisadores de diversas áreas responderam ao nosso convite à interlocução, compartilhando suas pesquisas e experiências, desde pontos de vista variados, enriquecendo imensamente o debate. O denominador comum desses trabalhos é a cidade como locus de cruzamento de todos os grandes fluxos informacionais que viesam a vida urbana e a sociedade. Acreditamos que debruçar-se sobre os processos e estratégias segundo os quais a informação é produzida em nossos dias é fundamental para entendermos o papel social da academia no esforço maior de produção de conhecimento.
Assim, acolhemos com alegria os quarenta e sete autores – selecionados em intenso trabalho conjunto com revisores externos dedicados e generosos – que contribuem com seus artigos para a complexização do tema. Para que se dê conta desta diversidade, lembraremos aqui a heterogeneidade de suas áreas de formação e atuação: Arquitetura e Urbanismo, Artes Visuais, Biblioteconomia, Ciência da Informação, Ciências Sociais, Comunicação e Cultura Contemporânea, Comunicação e Semiótica, Comunicação Social, Desenho Industrial, Design, Design de Interação, Engenharia Civil, Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio, Engenharia Mecânica, Física, História, Jornalismo, Letras, Modelagem de Sistemas Complexos, Planejamento Regional, Propaganda e Marketing, Psicologia e Sociologia.
Uma visão ampla do tema da edição é oferecida, na entrevista "Para disputar o mundo", pela cientista social e Professora Titular do Instituto de Arquitetura e Urbanismo Cibele Rizek, do ponto de vista do mundo acadêmico. Reflexões sobre a universidade como locus de produção de conhecimento são também focalizadas no trabalho Rumo à abstração: reflexões sobre a crise universitária, de Stella Cândido.
A cidade e seus habitantes são percebidos como agentes produtores de informação nos artigos Cidades como informação, de Vinicius de Moraes Netto, Edgardo Brigatti, João Meirelles, Fabiano Ribeiro e Caio Cacholas, Machine Learning para a acessibilização de análises em escala urbana, de José Aderson Passos Filho e Daniel Cardoso, A construção de dados insurgentes em assentamentos informais, de Lara Furtado e Henry Renski, e Assessoria técnica e imaginários espaciais de grupos sócio-espaciais, de Alexandre Bomfim.
A construção da informação tendo como referência noções ampliadas de cartografias é abordada nos artigos Método Cartográfico Indisciplinar: da topologia à topografia do rizoma, de Marcela Lopes, Natacha Rena e Ana Isabel de Sá,Caminhar e cartografar na fronteira Chuí-Chuy, de Eduardo Rocha, Lorena Resende, Luana Detoni, Taís dos Santos e Vanessa Forneck, e Atlas, uma aposta e o dispositivo-atlas, de Ricardo Trevisan.
A questão do controle e uso de dados de usuários em plataformas digitais de acesso público é abordada nos trabalhos Interfaces Maliciosas: estratégias de coleta de dados pessoais em aplicativos, de André Lemos e Daniel Marques, e Implicações éticas do Sistema de Crédito Social chinês no cotidiano das cidades, de Renê Arruda e Thiago Silva. A criação e funcionamento de uma plataforma digital específica é examinada no artigo Caronaê: compartilhamento de viagens na Cidade Universitária da UFRJ, de Luisa Teixeira e Rodrigo Paraizo.
Dois trabalhos examinam manifestações artísticas em espaços expositivos e suas possibilidades de interação como modos de construção da informação: Transhabitat: imagens generativas de um habitar atópico, de Matheus Camargo, e Difusão da informação em museus: tecnologia digital, interação e diálogo, de Diego Ricca e Clice Mazzilli. Além disso, o processo de criação audiovisual em filmes documentários é lido pelas lentes da cibernética no trabalho Cinema, cibernética e uma nova relação de observação, de Pedro Teixeira e Marcelo Tramontano
A seção Tapete, que costuma reunir artigos de um mesmo subtema, apresenta cinco trabalhos que discutem a imagem enquanto elemento central em processos de construção da informação: O monumento ao € e o capitalocentrismo, de Victor Sardenberg e Beatriz Chnaiderman, Paisagens de pele e píxeis: histórias urbanas, percepções e imagens, de Maria Angélica da Silva, Fabio Nogueira, Roseline Oliveira e Jaianny Duarte, Paradoxos das imagens fotorrealísticas e representação arquitetônica, de Mariana Zancaneli, Frederico Braida e Isabela Ferreira, Desenho animado e sociedade, de Felipe Martins, e Tatuagem: uma arte de informação conectada, de Patrícia Sales e Zeny Duarte.
Na seção Projeto, o processo de projeto auxiliado por algoritmos generativos e performativos constitui o objeto de estudo do artigo Ensaio de projeto performativo para pavilhão, Cynthia Marconsini e Leandro Conradt.
Finalmente, o uso da Internet no funcionamento de cohousings é abordado no trabalho Baugruppen: o modelo alemão de cohousing e suas variáveis constitutivas, de Anie Figueira e Ricardo Trevisan.
Agradecemos a todos os revisores ad hoc que gentilmente têm colaborado conosco na difícil tarefa de selecionar os trabalhos para publicação, ao longo dos 13 anos de existência da revista. Essa contribuição é fundamental para o processo de revisão duplo-cega por pares, para estabelecer o espaço de interlocução proposto pela revista e garantir sua qualidade. Os nomes e instituições dos pesquisadores que colaboraram conosco nas últimas seis edições da V!RUS, entre 2017 e 2019, encontram-se neste link.
Possa esse conjunto de trabalhos inspirar reflexões e ações de nossas leitoras e leitores.