A coexistência no quotidiano
Resumo
"Chegamos com um projeto de teatro e consolidamos um Centro Cultural." Ouvindo isso, algumas pessoas pensariam que os Pombas Urbanas, como gostam de ser chamados os integrantes desse grupo, são ou modestos, ou ingênuos. Nem um, nem outro. Os Pombas são pessoas completamente conscientes da abrangência do trabalho que realizam. É verdade que, às vezes, parecem surpresos ao perceber os bons resultados dos diferentes projetos que põem em prática, mas sabem perfeitamente que eles resultam de processos ricos e complexos, aos quais estão bastante atentos.
Formado em 1989 pelo diretor Lino Rojas com jovens de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, o grupo, hoje, é responsável pelo Centro Cultural Arte e Construção, em Cidade Tiradentes, também na zona leste paulistana. Oficialmente Instituto Pombas Urbanas, desenvolve diversas atividades, programas e ações culturais com comunidades de Cidade Tiradentes, no espaço transformado de um grande galpão abandonado que passou a ocupar em 2004. Os Pombas começaram em Cidade Tiradentes com Teatro. Hoje, suas atividades diárias envolvem, além do teatro, circo, dança, música, graffiti, rádio, letramento, telecentro, entre outros. O foco principal das atividades é, como dizem, o fortalecimento da identidade cultural das pessoas da comunidade, e a compreensão de suas necessidades e potencialidades para que possam ampliar suas capacidades humanas e solucionar problemas comuns de forma coletiva.
Parceiro do Nomads.usp em algumas pesquisas, o Pombas Urbanas é, assim, um grupo de pessoas que vivenciam, em seu quotidiano, coexistências diversas. Como atores, experimentam a existência simultânea de personagem e pessoa, de uma face pública e outra, particular, ocupando o mesmo espaço. Como executores de projetos culturais, sobrepõem ações culturais e comunidade, gestão local e gestões em instâncias públicas – estaduais e federais, e ainda privadas. Como grupo de teatro vinculado à realidade da periferia paulistana, convivem com outras realidades, mais centrais, etc.. Eles vivenciam a noção de coexistência de muitas maneiras, variadas e simultâneas.
Conversamos por duas horas com o Pombas Urbanas em 16 de novembro de 2010, via MSN, sobre esses assuntos, e apresentamos aqui o registro dessa conversa. A V!RUS é imensamente grata aos Pombas pela entrevista.