Redes de relacionamento e sociedade de controle
Resumo
Introdução: informação e espaço
É preciso avançar na tentativa de compreender a relação entre a informação e o espaço físico, entre o ciberespaço e os locais de presença, bem como, entre o presencial e o espaço virtualizado. Aparentemente, tal relação pode não despertar interesse, mas constitui um conjunto complexo e de extrema importância sociotécnica cujas mútuas implicações ainda estão sendo detectadas. Estima-se que em 2012, o tráfego mensal de dados na Internet alcançará 20 mil petabytes (PB) por mês. Um petabyte equivale a 1024 terabytes (TB) ou 1 048 576 gigabytes (GB). A troca de informações digitais tende a adquirir números inimagináveis e a retirar atenções dos espaços sem intervenção digital para colocá-las em aparatos de mobilidade e em cenários híbridos.
Um petabyte pode representar a captura de aproximadamente 2 bilhões e 684 mil imagens de 2 megapixels. Pode ainda armazenar algo em torno de 1 bilhão e 73 milhões de arquivos sonoros de 1 megabyte ou 766 milhões de livros, em PDF, com 250 páginas. Isto multiplicado por 20 mil pode ser o tráfego da Internet daqui a menos de 24 meses. O que intriga é que estes números traduzidos em capacidade de armazenamento e transferência de textos, sons ou vídeos não assustam os mais jovens que andam com dispositivos que possuem mais de mil músicas digitalizadas.
Os espaços dos suportes culturais estão sendo intensamente afetados pela digitalização e pela nanotecnologia. Em breve, a maioria das bibliotecas brasileiras conterão menos informação que o HD externo de 1 terabyte de um doutorando. Os pendrives e cartões PCMCIA ou outros similares com 5 gigabytes podem comportar centenas de vídeos. A redução das dimensões das estruturas físicas que guardavam as produções simbólicas tem impactos ambientais e espaciais que precisam ser analisados.
A velocidade e a qualidade da digitalização e o aumento da capacidade de transferência de dados nas redes físicas são necessidades estratégicas no cenário atual e tendem a criar necessidades econômico, culturais e sociais de consumo de mecanismos variados de acesso às redes informacionais. Corporações disputam modelos de atração de consumidores e máquinas de processamento e conexão cada vez mais leves, com maior capacidade de gerenciamento para um menor gasto de energia. Simultaneamente, os donos de redes físicas de fibras óticas, cabos submarinos e dos backbones, ou seja, as companhias de telecomunicações tornam-se os mais poderosos intermediários das comunicações, em uma sociedade crescentemente dependente das informações.