O design espontâneo periférico de Brasil e Cuba na América Latina
Palabras clave:
Design espontâneo, Gambiarra, Desobediência tecnológicaResumen
Este artigo compara, através de revisão bibliográfica, a relação que Cuba e Brasil mantêm com seu design espontâneo periférico, ou seja, com as produções materiais intuitivamente criadas por suas populações em resposta à falta de recursos. De forma descritiva e explicativa, analisa, na sociedade cubana, a massificação do que Ernesto Oroza chamou de “desobediência tecnológica”: o desrespeito à “aura de indivisibilidade” dos produtos industriais a partir da crise dos anos 1990. Em seguida, por método comparativo, contrasta essa abordagem com o olhar brasileiro sobre a chamada “gambiarra”, que, apesar de percebida no país como verdadeira instituição da cultura nacional, é sujeita à estigmatização por parte da cultura hegemônica. O estudo mostra por meio da observação das convergências e divergências entre esses fenômenos que é possível entender como eles se relacionam com as características socioculturais dos cenários latino-americanos dos quais emergem. Como resultado, infere que as distintas conjunturas de Cuba e Brasil explicam a discrepância no acolhimento dessas manifestações em suas respectivas sociedades. Por fim, percebe tais manifestações como referências de práticas de design do Sul Global com potencial para catalisar mudanças sociais, uma vez que possuem em sua essência a busca por emancipação.