Redescrição do projeto do térreo: ensaio fotográfico
Palabras clave:
Redescrição, Solo urbano, Térreo, Habitação coletiva, Jardim São FranciscoResumen
Este ensaio fotográfico e o texto que o acompanha dão continuidade a um esforço de documentação e atualização com particular interesse nas implicações espaciais de uma experiência de habitação coletiva desenvolvida no fim da década de 1980, o conjunto habitacional do Jardim São Francisco (Demetre Anastassakis, São Paulo). Diferentemente dos produtos espaciais impostos pelo pensamento hegemônico — ditados pela hipercomodificação e pela estandardização da ‘economia urbana’ — essa experiência coletiva oferece uma proposição espacial alternativa, capaz de questionar as práticas e ideologias dominantes. Desenvolvida com base no engajamento com movimentos de luta por habitação, gerou condições de fricção em relação àquelas espacialidades hegemônicas, destacando-se de processos violentos de desenvolvimento e buscando alternativas. Enquanto manifestações de resistência, ajudam a tornar legíveis formas de viver que já estão entre nós e têm ganhado relevância em exercícios investigativos. Para além de um esforço documental, o ensaio fotográfico aqui apresentado, realizado em 2021, ampara um exercício de redescrição, conforme proposto por AbdouMaliq Simone e Edgar Pieterse (2017), à luz da discussão do Progetto di suolo, de Bernardo Secchi (1986). Ao questionar e se opor àquela compreensão dominante, o ensaio fotográfico, como exercício de redescrição, desvela aspectos da espacialidade da vida urbana que parecem ter desaparecido, vitalidades locais mascaradas por um aparente declínio. O registro tem a intenção de dar visibilidade a um referencial que permite desarmar nossa percepção, oferecendo um marco à reflexão crítica. Trata-se de um recurso à disciplina de Arquitetura e Urbanismo e referência para processos de decisão e ação alternativos à homogeneização espacial que indicamos como uma base incubadora de espacialidades contra-hegemônicas.