Comércio informal, identidade e direito: o caso das zungueiras de Luanda
Palabras clave:
Zungueiras, Comércio informal, Luanda, Angola, Espaço públicoResumen
Zungueiras é o nome dado a mulheres vendedoras ambulantes do mercado informal angolano, que percorrem quilômetros buscando comercializar seus diversos produtos tais como: alimentos, acessórios e vestimentas. A palavra zungueira deriva do termo zunga, da língua nacional angolana kimbundu, que significa circular, andar à volta, girar. Trata-se de um linguajar utilizado pela população de Luanda para caracterizar os vendedores informais, particularmente os vendedores ambulantes. Esta prática de venda em movimento é produto de mudanças sociais, políticas e econômicas do país, infelizmente marginalizada pelos órgãos públicos. Muitas vezes os fiscais policiais as perseguem usando a força e a violência para expulsarem-nas de áreas de circulação, acabando em alguns casos em mortes destas mulheres. A partir de metodologia de investigação bibliográfica e documental, tem-se como objetivo analisar aspectos do comércio informal das zungueiras em Luanda, perante a postura do Estado, o direito à cidade destas mulheres e a identidade cultural que carregam, cujos resultados apontam para a necessidade de fortalecimento de relações horizontais menos hierarquizadas ou condicionadas pelos imperativos do capital hegemônico, o que é desdobrável a situações análogas no Sul Global. A apresentação deste estudo de caso, entendido no contexto de Sul Global, se dá pela sua compreensão como uma referência de menção válida. A dinâmica urbana de sobrevivência, com raízes socioculturais ancestrais e permeada de contradições entre precariedade e direitos, revela saberes locais e resistência aos desígnios de alinhamento hegemônico a padrões de globalização conduzidos pelo Estado.