Arquiteturas Contra-Hegemônicas
Resumo
A partir da noção gramsciana de hegemonia cultural, pode-se admitir que a compreensão de uma sociedade sobre arquitetura resulta de uma série de ideias, valores, crenças e comportamentos propostos pelos grupos dominantes, naturalizada e reproduzida pelo corpo social. Manifestações de resistência, questionamento e oposição a esta compreensão, a suas práticas e ideologias, envolvem todos os aspectos do campo disciplinar de Arquitetura e Urbanismo – sociopolíticos, tecnológicos, formais, espaciais, funcionais, ambientais, energéticos, em variadas escalas, múltiplos processos de concepção e representação, arranjos produtivos, metodologias e abordagens teórico-históricas – constituindo o que chamamos aqui de arquiteturas contra-hegemônicas.
A vigésima quarta edição da revista V!RUS quer, portanto, estimular a crítica ao pensamento hegemônico em arquitetura e urbanismo e, igualmente, acolher trabalhos propositivos que rediscutam modos de produção, preservação e renovação da arquitetura e da cidade, envolvendo seus diversos atores, com especial atenção a processos transdisciplinares. Trata-se de uma reflexão multiescalar, sobre o objeto, o edifício, a cidade, a paisagem e o território, do ponto de vista das diversas áreas do conhecimento que discutem a produção da cidade e estudam suas dinâmicas. Serão aceitos para avaliação artigos científicos e ensaios críticos inéditos que explicitem, no resumo e no corpo do texto, justificativas claras sobre a relação entre a pesquisa apresentada e o tema da edição.
Interessam-nos trabalhos que abordem o tema de forma crítica e fundamentada, a partir de diferentes áreas, em especial arquitetura, urbanismo, artes, cinema, comunicações, design, direito, ciências sociais, ambientais e políticas, antropologia, estudos culturais, história, geografia, entre outros, tratando particularmente – mas não apenas – dos seguintes tópicos:
+ Diálogos internacionais, referências: a produção da arquitetura e a (nova) ordem mundial, as noções de globalização, internacionalização, imperialismo e mundialização;
+ A problematização das noções de hegemonia, contra-hegemonia, conceitos e referências;
+ Valores contra-hegemônicos, diversidade cultural e minorias: identidade de gênero e étnica, multiculturalidade, povos originários, políticas culturais, culturas transnacionais;
+ Arquiteturas do Sul: África, Ásia, América Latina e novos paradigmas de desenvolvimento, BRICS e poderes emergentes;
+ Arquiteturas do habitar: revisão de processos de projeto e produção de modalidades habitacionais, ocupações e luta por moradia, habitação e modos de vida contemporâneos;
+ Design contra-hegemônico: referências de pesquisa, produção, inovação;
+ Referências na pesquisa sobre arquiteturas contra-hegemônicas: revisão de conceitos e categorias analíticas, repensando delimitações de campo, métodos e procedimentos, o papel do pesquisador;
+ Metateorias, pensamento sistêmico, complexidade, cibernética, ecologia da comunicação, transdisciplinaridade;
+ A pesquisa em arquitetura através de construções experimentais: protótipos e pavilhões construídos por pesquisadores, tecnologias e espacialidades inovadoras, técnicas retrospectivas;
+ Possibilidades contra-hegemônicas de sistemas construtivos: arquiteturas de baixa emissão de carbono, alternativas ao uso de cimento, arranjos produtivos alternativos;
+ Para além dos modelos formais convencionais: arquiteturas de geometrias complexas, modelagem paramétrica, fabricação digital, processos digitais de projeto e produção;
+ Referências de arquiteturas, urbanismo e design contra-hegemônicos;
+ Referências de gestão pública, transparência e governança, políticas públicas urbanas;
+ A cidade em disputa: insurgências decoloniais, movimentos sociais, ciberativismo, ciberespaço e cena pública;
+ Sociabilidades e espaço urbano: projeto urbano e a cidade pós-pandemia, gênero, racismo, design universal;
+ Mobilidade urbana, pensamento urbanístico contra-hegemônico e direito à cidade;
+ Processos de projeto, construção, gestão: ações participativas comunitárias, plataformas digitais online como locus de participação, ações cidadãs bottom-up, redes de economia solidária;
+ Valoração da memória e do patrimônio de minorias, patrimônios invisibilizados, processos decisórios inclusivos sobre a preservação de arquiteturas, lugares urbanos e monumentos, projeto arquitetônico e técnicas construtivas retrospectivas;
+ Memória e patrimônio: documentação, difusão, projetos especiais, políticas de preservação, saberes vernáculos;
+ Audiovisual, cinema, documentação, leituras e escrituras urbanas;
Além de textos e imagens estáticas, são bem-vindos ensaios fotográficos, vídeos, filmes curtos, animações e gifs, peças sonoras, musicais e depoimentos em arquivos de áudio, projetos de instalações artísticas e de arquitetura, urbanismo e design acompanhados de reflexão crítica e fundamentada teoricamente sobre sua concepção, apresentações de slides e outras linguagens digitais, considerando o interesse do Nomads.usp em explorar usos de meios digitais para divulgação científica via Internet.
As contribuições serão recebidas EM PORTUGUÊS, INGLÊS OU ESPANHOL através do website da revista entre os dias 15 de maio e 15 de agosto de 2022, segundo as diretrizes para autores, disponíveis em www.nomads.usp.br/virus/submissions.
DATAS IMPORTANTES
Dezembro de 2021: Chamada de trabalhos
15 de maio de 2022: Início do recebimento de submissões
15 de agosto de 2022: Data final para recebimento de submissões
A partir de 19 de setembro: Informação aos autores sobre aceite e solicitação de adequações
30 de outubro: Data limite para recebimento das adequações dos autores
13 de novembro: Data limite para recebimento da versão traduzida do artigo
Dezembro de 2022: Lançamento da V!RUS 24