Pela decolonização das ocupações urbanas: “a nova fábrica é o bairro”
Palavras-chave:
Cidade capitalista periférica, Dominação, Resistência, Ocupações popularesResumo
A ilusão de um espaço igualitário sob o capitalismo periférico, expresso nos termos reformistas da “cidade de todos”, é entendido aqui como uma inclusão colonizada que pretende submeter a resistência popular às normas disciplinadoras do urbanismo sistêmico. Em oposição a tal desígnio, demonstrado inalcançável como simples meta de qualificação formal, e com o objetivo de contribuir na revisão crítica do projeto da reforma urbana, este texto parte da noção decolonial de Sul Global para repensar as ocupações populares no Brasil. Contrapondo metodologicamente processos subordinados de planejamento urbano participativo às iniciativas resistentes de autoprodução coletiva urbana e rural, as ocupações populares são entendidas como afirmação dos marginalizados e identidades próprias do habitar o Sul. Conquistas reais dos oprimidos em países colonizados e dependentes, tais espacialidades reproduzem, na cidade, o autocontrole sobre a vida social e política, exercido por comunidades tradicionais em relação à terra e seus frutos. Os resultados apontam o potencial das noções do Sul Global para repensar as ocupações populares como práxis urbana de insurgência coletiva e decolonial, resistências contracorrentes em luta por liberdades e direitos, sugerindo considerar as referências regionais do Sul nas reflexões acadêmicas sobre o espaço periférico.