Modos de fazer: uma experiência em processo de criação compartilhado e modelo de atuação transdisciplinar na relação entre design e artesanato
Palavras-chave:
processos de criação, design, artesanato, culturaResumo
No final do século XX uma crescente corrente de designers voltou sua atenção para os graves problemas sociais que se multiplicavam: pobreza, exclusão social, violência. Os desafios dessa sociedade complexa impuseram uma crítica reflexão sobre os processos de criação, e um cenário especialmente desafiador impactou a relação estabelecida entre designer x artesão x artefato. Entre o dilema de dialogar com tradição e inovação, autoria e criação coletiva, o design foi impelido a buscar novos modos de fazer para atuar junto a comunidades e grupos produtivos. O Laboratório O Imaginário vivenciou esses desafios e, desde 2001, experimenta um modelo de atuação transdisciplinar balizado pelos eixos: design, gestão, comunicação, produção e mercado e com foco na qualidade e sustentabilidade. Construído a partir de uma abordagem dialética, as premissas do modelo abrangem o reconhecimento dos atores e fazeres locais, o entendimento dos valores culturais e das potencialidades socioeconômicas e ambientais locais. O objetivo deste artigo é descrever o processo de criação compartilhado pelo Laboratório O Imaginário e o grupo artesão – Cestaria Cana-Brava, pontuando as principais transformações vivenciadas na sua trajetória, desde sua criação em 2003, a partir das dimensões ligadas à organização, artefatos, materiais e processos. O relato dessa experiência aponta para o desenvolvimento compartilhado dos artefatos, a construção de projetos coletivamente, a valorização das referências e memória do local, a autonomia dos grupos e o fortalecimento da rede de parceiros.