Editorial | Criação em processo+s
Resumo
Um amplo contexto de formulação, desenvolvimento, exploração e compartilhamento da experiência criativa. Assim compreendemos o processo de criação dentro do sexto número da revista V!RUS. O tema dessa edição, “criação em processo+s”, visa explorar um olhar múltiplo sobre a criação como um processo e um lugar de encontro, possibilitando sinergias capazes de abrigar interlocuções entre diversas áreas de conhecimento. A criação não sob aspectos do produto, mas ligada as relações estabelecidas diante do processo.
Para abordar esse tema a edição número 06 da revista V!RUS contou com a colaboração de 30 autores, divididos entre as diferentes seções presentes na revista, com formações múltiplas visando trabalhar o tema de maneira multifacetada. Os textos publicados buscam ampliar olhares e criar insumos a temas abordados dentro do Nomads.usp, estabelecendo relações com outros atores externos ao núcleo de pesquisa, e firmando a premissa de criar e divulgar o conhecimento através da troca.
No intuito de contemplar essa visão múltipla sobre o tema, temos como ARTIGO CONVIDADO a Profa. Dra. Lucia Leão, pesquisadora com formação em comunicação, artes e semiótica. Através de sua formação abrangente, nos forneceu uma discussão precisa sobre o processo de criação em redes e os caminhos tomados pelos pensamentos dentro dos itinerários da produção coletiva. Com essa abordagem, seu texto oferece bases sólidas para começarmos a percorrer o tema dessa edição e as várias abordagens apresentadas pelos autores.
Dentro da seção ENTREVISTAS, contamos com a colaboração do grupo Aquarpa, o qual explora a arte sonora e a improvisação musical, enquanto processos de criação coletiva baseados na pesquisa das sonoridades dos materiais disponíveis no ambiente, assim como na mediação digital influenciando o som produzido.
Dentre os artigos SUBMETIDOS, publicamos 10 textos com a colaboração de 14 autores que trabalham questões de diferentes aspectos relacionados ao tema dessa edição. Temos olhares voltados ao processo de criação em arquitetura e design que trabalham a questão da emergência em processos criativos auxiliados por ferramentas digitais além da questão da parametrização e da fabricação digital, como os textos dos autores Nimish Biloria, Sanhita Chaturvedi, Esteban Colmenares e Thiago Mundim. Trata-se de uma visão sobre a formulação de processos em arquitetura e design e o conceito de emergência em criação. Seguindo a discussão dentro da área de arquitetura, Eluiza Guizzi apresenta em seu texto colocações sobre o processo de criação e as mudanças proporcionadas pela utilização da representação digital dentro desse processo. Em design, o texto dos autores Gabriela Carneiro, Gil Barros e Carlos Zibel, discorre sobre o processo de criação utilizado em uma experiência de projeto diferenciada, baseada em métodos específicos e basicamente coletivos.
Além disso, temos o físico Robert Logan apresentando uma visão múltipla sobre questões do planejamento em processo de criação e a arquiteta Angela Pinho discutindo o processo de criação com foco na questão da habitação. Ambos os textos com abordagens muito precisas, baseados em revisões de autores consolidados em seus temas.
Virginia Cavalcanti, Ana Maria Queiroz de Andrade e Germannya D´Garcia A. Silva apresentão as experiências do processo criativo voltado à produção artesanal e o processo de gerenciamento e organização para o arranjo coletivo entre pequenos artesãos, discutindo design e artesanato sob o aspecto da organização local e coletiva. Seguindo a discussão de aspectos culturais, Sandro Varano, com sua experimentação para a discussão e criação de mapas sensitivos que abordem questões da formação e valorização do patrimônio cultural.
Tratando de gerenciamento e organização dentro do processo criativo, Marise Machado apresenta uma pesquisa detalhada sobre essas questões dentro do escritório do arquiteto Edison Musa, com atuação consolidada no cenário arquitetônico do Rio de Janeiro.
Finalizando essa seção, a autora Carmen Hoyos discorre sobre os paradigmas da criação na segunda metade no século XX, com uma visão amplo sobre a criação e aspectos da cautela relacionados a essa atividade.
Buscando outras visões sobre o tema e possibilitando uma abordagem mais livre e variada, temos a seção TAPETE com textos mais curtos, possibilitando explanações de diferentes autores sob diferentes áreas, como Maria Julia Martins, que apresenta uma abordagem sobre a prática de aprendizado e as possibilidades desse processo, buscando a utilização da linguagem corporal como ferramenta para ensino.
Também nesta seção Livia Martucci apresenta, em formato de relato, suas experiências para mostrar o processo de formação da questão cultural dentro da cidade de São Carlos. José Fornari, ou simplesmente Tuti, apresenta um texto muito interessante sobre processo de criação em arte sonora e a produção de partituras em tempo real através da utilização de ferramentas computacionais. Também trabalhando a arte, porém sob um aspecto completamente diferente, Ana Luiza Neves traz a experiência vivida em Belo Horizonte com o circuito de arte independente e a Mostra Coletiva em Processo - Piolho Nababo.
Fechando essa seção Paulo Castral apresenta aspectos voltados à área fotográfica, com as diferenças no processo da fotografia tratada como arte e suas questões específicas, dentro de um texto que trata do tema com precisão.
Na Seção PROJETOS, priorizamos a apresentação de projetos de arquitetura que de alguma forma trabalhassem questões voltadas ao tema da edição, portanto, nesse número 6 da revista apresentamos projetos que são emergências de processos específicos. Temos a experiência de Gernot Reither e a concepção do pavilhão AIA, fruto de um extenso processo parametrizado de criação com estudo de matérias e composições. Também Ana Paula Petiz com o projeto de escala urbana proposto na cidade do Porto, que é fruto de um processo que leva em considerações constantes alterações urbanas e surge como resposta a organização de elementos variados.
Dentro da seção ARTIGOS NOMADS apresentamos dois aspectos discutidos dentro das pesquisas no Nomads.usp. O primeiro aspecto em relação a entender processos de criação em arquitetura e design através da experimentação prática, nesse caso com os pesquisadores Cynthia Nojimoto e Gilfranco Alves com o desenvolvimento do projeto do Strings - Supple Pavilion, produzido no workshop AA Visiting School SP 2011. O segundo aspecto, realiza-se sob explorações teóricas formuladas por Anja Pratschke e Daniel Paschoalin que discutem a questão da performance respondendo a aspectos de organização de informação e comunicação na era digital.
Por fim, na seção RESENHA a autora Clarissa Ribeiro apresenta um texto revendo processos coletivos artísticos sob o olhar sistêmico e da teoria da complexidade, através da análise de coletivos artísticos e teóricos estabelecidos nos temas. Coloca o processo como ferramenta de emergência nas artes, com ênfase no aspecto colaborativo em rede.
Deste modo, a estrutura da edição 06 da revista V!RUS, visa discutir de maneira ampla a questão dos processos de criação, sempre focando o aspecto colaborativo entre diferentes áreas, com diferentes olhares. Esperamos que esse material cuidadosamente elaborado fomente a discussão sobre o tema e que crie mais subsídios que possam ser compartilhados, retroalimentando a discussão dentro desse importante tema multidisciplinar.